terça-feira, fevereiro 27, 2007

A desgraça e a delicia



Como vocês eram aos 14 anos de idade? Eu era uma menina alta demais, meio gordinha, beiçuda e com uns oculos de 12 graus de miopia na cara... imaginem: Era uma belezaMas eu dei sorte na vida porque eu tinha minha turminha. Mas mesmo assim eu me achava as pior pessoa que Deus já colocou sobre a terra.Olha para você ver como adolescente é sequelado; ao invés de tentar me socializar mais com o pessoal na escola (os meninos principalmente) eu ficava lendo. Ou mas eu lia até os olhos saltarem das órbitas, era lindo.Hoje eu acho aquela epóca uma das mais felizes, alguns desses livros me marcaram a ponto de considerar as maiores emoções que eu já passei na VIDA:
Vida de droga - Walcyr Carraco
Esse é o MAIS, MAIS. Li esse livro no minimo umas sete vezes. É um tipo de Christiane F; tupiniquim, mas ao invés de heroina a personagem é viciada em crack Teve efeito contrário na minha vida, ao invés de me afastar do mundo das drogas.. me incentivou XD

Descance em paz, meu amor - Pedro Bandeira
Um grupo de amigos vai passar um fim de semana na serra e resolvem contar estórias de terro no meio da noite com chuva e depois também fazem aquele "jogo do copo" Inaugurou uma epoca que eu conversei muito com copos

O irmão que tu me deste - Carlos Heitor Cony
Trata de uma rivalidade brutal ente dois irmãos.Devia reler para entede-lo melhorMas eu fiquei totalmente stoned quando li.

Muito além da estrelas - Alváro Cardoso Gomes
Tenho medo desse livro até hoje.Eu o li na cadeira de balanço da minha mãe com as pernas ao sol.. lembro bemUm estória de amor impossivel de tão bonita... E assustadora.

E agora mãe?
É sobre gravidez, tem uma estória meio absurda, mas eu li quatro vezes. Acho que esse foi um dos livros que me incitaram nesse gosto que eu tenho por mocinhas sofredoras

A casa Sinistra
Contos de terror, pelo que me lembro, foi o primeiro a me mostrar que o monstro não está num cemitério abandonado na Europa, pode morar na casa da esquina.

Depois daquela Viajem - Valéria Piazza Polizzi
Esse livro é meio famoso (meio!?), esses dias até saiu numa revista semanal uma reportagem sobre os 25 anbos da AIDS e continha uma entrevista com a menina autora desse livro.
Foi meu primeiro contato com um tema sério tratado de forma gostosa... Se você ainda não leu, não sei como você é feliz

Tá louco! - Fernando Bonassi
O mundo dos meninos para mim... (Ah os meninos...), o menino do livro repete a frase "Tá louco" umas 100 vezes por capitulofica a dica: "Adolescencia é como comer um x-salada, meio incomodo no começo, mas muito gostosa no finalzinho

Redações perigosas
Esse eu li porque minha mãe me deu, é uma estória de mistério envolvendo un trem mais sacal da escola: A redação "Minhas férias".
O anjo da morte - Pedro Bandeira
Quem não fica louco com os Karas? que nunca quis estudar no colégio Elite?
Mas esse livro em especial, é pra mim o melhor da série porque tem nazismo no meio, genet fugindo de campo de concentração. tem aventura, tem o diabo a quatro nesse livro.

domingo, fevereiro 25, 2007

Assunto feminino



Acabei de acordar por causa do bendito alarme que dispara ás 5 da manhã. Eu costumava amar os começos de manhãs e tinha a mania, desde pequena, de acordar cedinho pra sentir o aroma da manhã e ver o sol nascer, assim como a vida na cidade, diante da minha varanda. Aquele aroma da manhã que mescla algo entre orvalho, chuva e café sempre me sensibilizou e talvez fosse um dos meus maiores prazeres durante o dia inteiro.

Ela vira pra mim, no outro lado da cama, e reclama que está com dor nas costas e me fala que sou a garota mais bonita que ela já viu em toda sua vida. É a primeira vez que me relaciono com uma garota, eu sempre preferi a companhia das garotas. Nós precisamos nos arrumar rápido pra ninguém da casa suspeitar que existe mais alguém dentro do quarto a não ser eu. Meus pais não a conhecem ainda. Talvez, no futuro, eu possa apresentá-los como minha melhor amiga mas isso eu tenho receio deles ficarem enfezando pela tatuagem no ombro dela e seu cabelo vermelho desbotado. Sabe como é, família tradicional que coloca seus filhos sufocados debaixo do braço.

Ela precisa voltar pra casa. Não necessariamente uma casa, mas um cortiço no centro da cidade. Não fosse sua colega com seus clientes, estaríamos mais a vontade na cama do quarto que ela divide lá com a outra garota. A gente faz o que pode.

Fecho a porta para ela e de longe jogamos beijinhos. Nesse momento minha mãe chega pela mesma porta e depara com a cena. Não sei o que a minha mãe pensou no momento, mas convidou-a para comer uns pães de queijo quentinhos direto da padaria que ela havia chegado no exato momento. Não sei o que deu em mim, nem na minha mãe, nem na minha querida, mas resolvi interpretar a cena com uma melhor naturalidade, apesar do que poderia vir a acontecer.

"Mãe, essa é...", "Eu já sei do que se trata... E não quero saber mais nada, então comam e depois se despeçam". No momento eu gelei com a resposta brusca vinda da minha mãe, até perdi a fome. Nós três perdemos a fome, aliás, e no mesmo momento todas se levantaram pra cuidar da vida.

Quando fechei a porta da casa, fui direto ao meu quarto pelo sentimento de culpa e vergonha pelo que tinha acontecido. Devia ter trancado a porta, mas não queria pensar em nada além de enterrar minha cabeça no travesseiro e ficar lá até aquilo tudo ser um mero pesadelo. De repente a porta se abre devagar e com um susto me levanto pra ver o que era. Minha mãe, encostada na porta me encarando, e depois disso eu voltei ao meu estado de vergonha.

Sua mão fria e nervosa encosta no meu ombro, tira o travesseiro da minha cabeça e pede com calma pra olhar nos seus olhos. Já estava esperando um grande sermão daquelas ladainhas preconceituosas que geralmente acontece quando gente mais velha reage a essa "nova" postura. Ela se desculpa por ter lido meu diário, quando estava jogado numa página proibida na minha cama e me pergunta se ela tá me tratando bem. Eu digo que sim, e mesmo com raiva pela invasão de privacidade, deixo que ela continue a falar. Ela pega pelos meus braços, me dá um abraço forte e diz "filha, filha, não vou deixar que você tenha a mesma infelicidade da qual tive, e ainda por cima te fiz infeliz por ter tirado seu pai da nossa casa. Me perdoe, mas ele não foi o amor da minha vida. Nenhum homem chegou na minha intimidade, apenas uma mulher. Espero que ela cuide de você como eu cuido de você".

Só lá

Quando eu tiver forças para ir para o Grande Sertão: Veredas.
alimento suficiente para os sete volumes de Cavalo de Tróia
coragem para memórias de um suicida
quando eu desembirrar de Machado
parar de chamar Sobrados e mucambos de soldados e mulambos
de ter medo do Boca do inferno
passar umas férias em Casa grande e senzala
Achar onde é que se sente tesão na História de O
Só quando eu me internar na Ala 18
É que vão me respeitar.

sexta-feira, fevereiro 23, 2007

Me desnorteia? ( De novo)

He
Ela é da roça e puta
puta de pés grandesputa de ombros largos
Nunca fomos amigas nem nada
E era óbvio que ela estava muito fodida
mas eu ficava feliz em ver que ela era imbecil
e eu era mais ainda.


Ne
Pedrinho é um moço bonito
mas pedrinho é mau também
ele come eu todo diaprimeiro meu calcanhar e depois o meu umbigo

Ar
Paulo Queria montar uma banda em Paris
Ah, aquilo ficou um espetáculo
A banda foi boa uns três dias
depois acabou rapidamente.

quarta-feira, fevereiro 21, 2007

Filha, me desnorteia

FILHA, ME DESNORTEIA?
(Dois escritos dessa minha nova brincadeira)

# Tetra
Desde criança
que a gente não quer nada
e no dia mais bacana da vida
só queria morrer bem rapidinho.

#Pi
- Vamos dar uma volta?
pra um assalto arrojado
é entrar pela janela e fazer o que tem vontade
Ganhar 27 xelins e comprar comida pra uma semana
e com uma fuga audaciosa.
- Já até vi; vou ficar bolado e de navalha no bolso.

segunda-feira, fevereiro 05, 2007

Enquanto esperam...


Eu queria me referir ao tanto de paranóias que certas pessoas sentem quando estão perto de mim. É incrível que depois de vários acontecidos na minha vida, quem é vivo, aparece. E apareceu mesmo, querendo por tudo, me fazer sentir menos ou pior do que já quis, porém, todas as vezes o acusador se frustra, o monstro se assume e a verdade que não é plena, entra em evidência.

Já tive vários vícios, larguei de alguns, mas o de tentar entender as relações humanas ainda me persiste na mente como algo que eu deva aprender a doutrina do bem estar psicológico. De repente você se vê um dia com um amigo, depois aparece com 3, 4, 10 e ás vezes anda sozinho na rua à noite. O ser humano é, sem dúvida, um ser solitário, e em algum lugar desses me disseram que cada um de nós, indivíduos, nasceremos sós e morreremos sós também.

Enquanto isso eu aproveito o tempo precioso da minha estadia por esse ambiente e interajo com os outros passantes dessa vida que parece nunca terminar. É, ás vezes, tarde, ás vezes cedo, continuar a longa jornada ou expirá-la por causa de segundos, terceiros e quase sempre por si próprio.

Mas a alegria da vida está por aí, e com ela você se vê, muitas vezes, acompanhado. Posso bem dizer que no momento de vida em que passo estou muito bem acompanhado e munido de amigos imprescindíveis. Sabe quando você se sente confortável com a vida que leva, porque você tem um amor profundo que é recíproco, amores de amigos e auto confiança? Talvez isso seja uma das definições do que é alegria, ou em maior extensão, da felicidade. Espero eu que esse sentimento não se extenda apenas á mim, mas que possa representar alguma razão pra continuar pra várias outras pessoas, especialmente as que eu tenho afeto. Até mesmo aos meus desafetos.

Aos meus desafetos, já passou toda a raiva, angústia e sentimento de injustiça que eu sentia por vocês. Espero que também encontrem algum certo tipo de felicidade na vida e parem de se maltratar, como muitos que eu conheci fazem, através de apelações, sentimentalismos e falta de amor próprio. Não tem nada de clichê em ainda conseguir enxergar as coisas pelo copo metade cheio. E Amem, amem muito, amem o que façam pelo bem e amem os outros sem pedir nada em troca. Talvez um sorriso aqui ou ali, um abraço... Não existe coisa melhor que acordar um dia desses com leveza, equilíbrio... Nada melhor que ser alguém importante para outro alguém. Nada melhor que amar.

sábado, fevereiro 03, 2007

Uma chuva




Naquela tarde chuvosa não se ouvia mais que os ponteiros de um velho relógio que ainda dava seus últimos suspiros naquela biblioteca fria e vasta. De um lado da poltrona maior, num gesto melancólico e ilusionário, o filósofo tomava mais um gole daquele amargo e ácido whisky enquanto mais uma vez dava uma lida naquela coluna de crítica literária lançada naquela mesma tarde.
Era como de costume, críticas ácidas e exageradas as que aquele popular jornal apresentava. Seu crítico era um aspirante jornalista que delicadamente ditava por meio de suas dedicadas difamações, o melhor para ser lido, visto ou aproveitado.
O filósofo então, alcançou seus óculos e mais uma vez releu todo aquele texto infame relacionado ao que havia por tanto trabalhado. Era realmente algo desrespeitoso a á sua condição de especialista em filosofia, além de também servir de desprezo público por seu trabalho em território nacional, já que este país, preferia ainda mais algumas claques isoladas para se divertir, com suas piadas de baixo cunho irônico e intelectual.
Pelas frestas da janela já poderia se sentir o fim da chuva, assim como o período vespertino. As poucas estrelas já começavam a dar seu brilho naquele céu interrompido de metrópole e as atividades humanas já estavam se modificando gradualmente. Pensou em contactar alguns poucos amigos que ainda lhe restava, para tentar recuperar o que lhe restava de boêmia e costumes etílicos. Assim que se virou da poltrona para discar os números, uma grande náusea se abateu nele.
Esta náusea, então, causou-lhe uma forte sonolência e aumentou ainda mais seu estado melancólico. Agora não mais dispunha de qualquer tipo de vontade ou desejo de se ver fora desse contexto, senão abdicar suas resistências.
Acordou na tarde seguinte sentindo muita sede e talvez uma vaga pena por si. Sabia que aquilo era mais um dia a ser seguido nos padrões “Carpe Diem” mas não se sentia apto de algum modo a encarar a realidade, vendo-se assim como o mesmo inseto protagonista de um romance Kafkiano. Era demais para alguém como ele acreditar que depois de tanta dedicação e empenho para a universalização de sua obra, houvesse a decaída, mais especificamente, rejeição.
Mas se lembrou que ainda o restavam alguns dias de vida para que prosseguisse de forma passiva e mecanizada a sua lição de vida. Havia agora concluído sua percepção sobre um mundo que antes o encarava com gosto, agora era mais um inimigo escrito assumidamente.
E caminhava pelas ruas que sempre caminhou, avistou pessoas as quais trabalhara, visitou suas memórias de ingenuidade assumida, e então expirou suas idéias até esperar o seu último dia.