sexta-feira, agosto 04, 2006

A carta do menino que eu amava

A gente precisa um do outro. Sabe? Quer dizer, não sei, mas eu só tenho você, minha mãe morreu semana passada, porra, eu não tenho mais mãe, e tem uma porrada de gente contra nós, você já percebeu? Que eu ando na rua e as pessoa me olham cruzado? Eu vejo, olham assim para você também né?
É isso, eu também não tenho paz, vê como a gente é tipo igual? A gente devia ajudar um ao outro, que nem antigamente, lembra da vez, que a gente nadou naquele rio na serra? Eu quero que as coisas voltem a ser como eram naquele tempo, quando a gente tava começando a se conhecer, na noite em que você me beijou no portão da sua casa, sabe, eu lembro que você disse que ia me ajudar a encontrar meu irmão, no dia do meu primeiro beijo e você disse que ia achar ele pra mim, porque você não está procurando?
Você podia deixar aí e vir morar comigo, na casa que era da minha mãe.
Não entendo porque a gente tem que brigar desse jeito, a gente pode se entender melhor, dinheiro não é problema né? até agora a gente conseguiu se virar, e eu vou voltar a trabalhar. Olha eu arranjo uma mesa, umas prateleiras e você pinta tudo de novo que acha? Pintamos a casa de verde também, você adora verde, né. uma puta casa do jeito que sonhamos assim a gente derruba as paredes dos cômodos e coloca umas colunas de tijolinhos e uns janelões. eu descolo uma grana, eu vou trabalhar, eu junto uma grana e você pode arranjar outra cobra, lembra daquela cobra branca que a gente viu no mercado e você disse que tava a fim? Eu compro ela pra você. Dar altas festas todo dia, a gente chama o Paulo e a Marô pra morar com a gente, sei lá chama seu irmão também. Até mesmo um carro usado barato, eu conheço uma gente aí, eles devem conhecer alguém que queira vender um carro pra gente, eu tenho saudades demais cara, sabe, de quando a gente namorava.
É não, sei lá, mas a gente deveria, quero dizer sinto saudades de quando a gente fingia que se gostava. Cara eu gosto de você, eu te arrastei a cidade inteira atras do seu maldito irmão, tá, a gente foi na casa daquele maldito pederasta que tentou me agarrar e achamos graça po, mó perigo e eu achando graça do cara tentando me agarrar.
É, e quando o cara disse que você era uma vadia eu dei nele não dei? Você viu não viu? Eu arrebentei a cara dele, menina você ficou na nóia achando que eu tinha matado o cara, e a gente saiu correndo na rua, eu dei de cara num poste e você veio me ajudar e quase foi atropelada, você só falava – eu vou ser presa, o cara tá morto, eu vou ser presa, meu Deus que prepotência Olha, a gente se divertia, eram dias horríveis mas temos que ficar juntos certo? Mesmo naquelas horas de ódio, funcionávamos juntos né? é como aquele menino que você tinha que namorar com ele, mas nunca conseguiu, eu não tive ciúmes dele não, sabe, ele sabia que era seu e tinha que ser seu, naquela noite que você me deixou pra ficar com ele. eu fiquei sozinho naquela casa e agora que minha mãe morreu eu to sozinho lá de novo e você me deixa pra ficar com outra pessoa de novo.
Agora voce casou, eu tenho ódio do seu marido, porque ele dorme com voce, e eu durmo sozinho demais.
Menina, não diz que você vai me abandonar, não me abandona por favor.

11 comentários:

Anônimo disse...

to triste, acho que vou chorar, coitado do cara amava a menima e ela era uma vadia, meu isso me deprimiu :_(

gabriella disse...

nossa, bonita essa parte da sua
vida.
vai fells, não abandona 100% né.
dá um desconto e vai visitar o
cara de vez em quando.

Manu Negri disse...

Agora voce casou, eu tenho ódio do seu marido, porque ele dorme com voce, e eu durmo sozinho demais.

Cara, parece uma carta saída de um livro, assim como você saiu de um.

Anônimo disse...

Pô meu... Aconteça o que acontecer não páre de escrever... Como você mesmo disse: parece coisa minha. Foi bom ter estado aqui e espero voltar outras vezes.

Há braços!!!

Anônimo disse...

Depois do comentário anterior eu continuei lendo o seu blog e cheguei ã conclusão de que realmente eu gostei muito, por isso vou fazer um post sobre ele. Talvez você não goste ou não precise disso, mas eu gosto de mostrar coisas legais para outras pessoas.

Anônimo disse...

viver é assim mesmo.

volta pra ele, vai! XD

Anônimo disse...

Isso realmente acontece... Como dizem "é a vida"... Só não vale desistir dela.

Anônimo disse...

hm... cartas de amor são fogo...

Anônimo disse...

que carta verdadeira, simples, mesmo que todos sintam a mesma coisa nunca é igual.

muito bom seu blog.

Unknown disse...

é de tua autoria? muito bom. escreva sempre.

Anônimo disse...

fells goes, does not abandon!
of the one discounting and goes to visit the face of time in when.
Ours, pretty this part of its life.
I am sad with its life