quinta-feira, janeiro 25, 2007

Uma chance na vida

"Que horas ele dorme?"
"Por volta de

23 horas"
A sirene e as luzes atrás de nós, e a voz estrangulada
"porque maldição você tem que correr tanto Ligia?" Deus faz ela parar.
"Pra onde nos vamos rogéria? se eu parar vamos ser presas, voce quer ser bonequinha na prisão?"
"Ai, não. te joga aqui nessa rua, vai dar num estrada enorme.
Ligia não sabe virar, quase dando direto no poste, subo pelo colo dela e agarro o volante.
"Tira o pé desse acelerador droga, não dá pra controlar assim.
Nós tão juntas, não vendo os avisos de estrada em obras acabamos enfiando o carro em um buraco. agora não tem mais jeito, vamos ter que conversar com o

delegado
que conhecia todo mundo, a mim e ao Estéfano;
trêmulas eu e ela.
E o homem lá, sentado e nervoso
"Eu exijo, mando que vocês digam porque fugiram quando mandamos parar."
"Além de tudo essa daqui é menor" Soldado apontando para Ligia.
"Então isso é problema pro Juizado, mas olha, quer saber? bota as bonecas na chave essa noite mesmo, não vou resolver porra nenhuma hoje. Amanhã de manhã eu ligo para o padrasto dessa Rogéria."
eu curiosa, assustada.
"Vem cá,Ligia, você tá com medo?."
ela chora, as bochechas vermelhas, é claro que ela está com medo
vem cá que eu cuido de você e nós deitamos juntas na esteira imunda. Na boca, um silêncio gelado.
até de manhã, quando nos pegam na cela e metem numa sala quase vazia e ficamos esperando qualquer coisa acontecer, num banco de aço comendo um pão horrivel.
Estéfano chegou batendo os pés, espalmar a mão na minha cara - primeira providência
bater nas mesas e Xingar a delegacia inteira, até liberarem Ligia também.
e caso encerrado.
Ligia canta em todo o trajeto de volta, Éstefano vai guardando a irritação até chegar na

casa
Ele abriu a porta do carro
"SAI"
"Eu te odeio" ele riu debochado
"Não interessa,tu roubou; e agora vai pagar.
"Ele agarrou meu braço puxando pra fora do carro, sacudindo diante de si, meteu a mão entre meus cabelos e saiu arrastando.
Enquanto ele enfiava o joelho na minha barriga eu sentia o o velho ódio remexer.
"Você vê, que foi só essa garota vir pra cá, não faz três dias, olha a desgraça que essa puta me arruma."
e foi com lágrimas nos olhos que eu olhei pra ele e senti um molhado nos pés.
Estéfano cai devagar, com uma chave de fenda encravada na nuca.
"Deus meu"
"Eu não sou puta"
eu proucuro desesperada enteder qualquer coisa
cá, pra mim, me abraça.ela suja as mãos num sangue gelado e aperta as minhas
"E ele nem gemeu." e ela vem pra me abraçar.


Exerto do texto " A inocência não existe".

domingo, janeiro 14, 2007

2007 pode mudar tudo

Hoje eu acordei na cama do meu amor. Pensei no quanto o ano que passou foi um determinante pra mudar a minha vida. Pensei no tanto que ela pôde mudar em alguns meses e no quanto essa mudança me fez bem.

Um dia desses eu tava enumerando todos os meus problemas, minhas faltas e falhas ao meu amor. No outro dia eu acabaria vivenciando uma nova e limpa vida. Me livrei de todos os maus vícios, alguns dos meus maus hábitos e criei coragem de seguir em frente com o período breve de transição.

Eu sei que, o ano novo entrou e minha vida mudou, mais ainda. Parei de me lamentar por viver uma vida que não era minha e fui viver a minha vida. Parei de me preocupar com os que não merecem preocupação e transferi minhas preocupações para os que se preocupam comigo, deixei de ter amigos porque estes, no fundo, nem eram amigos. Tive decepções, amarguras, mas no final das contas, tive muita felicidade.

Hoje acordei na cama do meu amor. Temos tantos planos. Vamos sair dessa cidade em breve. Vamos morar juntos posteriormente. Agora iremos nos dividir, fisicamente. Voltarei à terra da garoa com muita saudade.

E os meus amigos, queridos, os desejo o que for de melhor para o bem. Vocês, minha família.

Fells, você sabe que eu falo sobre você.

quarta-feira, janeiro 10, 2007

Eu não sou um classe média


Meu pai morreu no dia vinte e oito de fevereiro de mil novecentos e noventa e seis em conseqüência das enchentes que inundaram a favela da Cidade de Deus. A perna dele estava com um bruta corte mas o imbecil cismou de ajudar a resgatar os corpos que estavam submersos, quando acabou de tirar o quarto corpo, percebeu uma sanguessuga no ferimento. Caiu de cama por três dias se queixando de dores agudas nas juntas e cansaço, constataram que ele pegou leptospirose.
Na casa dele morávamos eu, minha irmã Daiane, meu meio irmão Nicolas, meu pai sua mulher, era ele quem comandava aquela zona, minha madrasta instintivamente nos odiava, Daiane que é bem preta como minha mãe biológica era quem mais despertava a fúria de Marina, ela saía pro baile funk e retornava ao raiar do dia mas era só ela botar o pé em casa que começava a pancadaria, era de cinto, vara, tamanco...incrementado pelos xingamentos racistas. Me lembro que minha irmã, após tanta porrada, teve a coerência de ir embora e morar com uma amiga. Ela morreu assassinada dois meses depois, divida de crackQuando meu pai estava vivo ele me batia e eu fugia de casa e nunca ficava só na cidade do Rio, ia pra outros municípios principalmente para a Região dos Lagos, que eu adorava. Já fiquei num abrigo chamado Criam atualmente é um abrigo somente para menores infratores. Ele me buscou lá e depois num abrigo em Niterói chamado Feem de onde era praticamente impossível fugir. Eu odiava a Feem, lá os meninos eram violentos e brigavam por qualquer besteira, eu não sabia brigar mas encarava, quase sempre levava a pior. Uma vez um moleque apertou meu saco até eu gemer e implorar perdão em outra levei um soco no nariz que saiu sangue de imediato e uma que num campinho do abrigo, eu pulei em cima do moleque enquanto ele estava amarrando os sapatos, pulei de brincadeira mas horas depois ele me meteu a porrada no banheiro. Na Feem, o código de honra era a lei de talião, dente por dente e olho por olho.A casa do meu pai era horrível, tinha uma estante tosca em forma de casinha que sustentava a televisão e sofás vermelhos imundos, ele me proibia de ver filmes com sugestões eróticas, me dizia pra "virar de bruço e dormir". Dormir no meio da tarde? Estúpido.Ele cheirava, e um dia a loucura do pó foi tão grande que ele pensou que eu fosse mata lo e pegou a espingarda que estava sempre apoiada na parede e apontou pra minha fuça, e eu estava só brincando com duas tampinha de garrafa, ao menos ele quase nunca me bateu de mão fechada, só aberta.Depois desse episódio decidi ir morar com minha mãe, fugi de lá varias vezes também, mas ela nunca me buscava e lá a casa e o modo de vida eram bem mais precários. As paredes eram de madeira compensada e a face interna cobertas de carpete velho, o cheiro do lugar era terrível, algo como pano de chão guardado, suor e restos de comida, ela tinha um comportamento me relação a higiene que beirava á indiferença. Seu tom de voz era baixo e aparentava ter uma calma tremenda, mas na verdade era tudo conseqüência de muito fumo. Ela morava na Rocinha bebia e usava drogas, ela é do tempo em que ainda chamavam cocaína de "brizola", fim dos anos oitenta. Hoje eu não sei se ela está viva ou não. Vivia tendo problemas estranhos, pela manhã eu sentia um forte cheiro no ar e os lençóis dela estavam sujos e molhados por um líquido vermelho.
Ratos e baratas cascudas proliferavam, uma verdadeira legião andando numa extremidade entre o teto e a parede, imundo.Um dia eu tinha comido siri cozido na casa do meu avô, que morava perto da minha mãe. E eu estava realmente com tesão de comer siri, mas o siri tinha acabado e eu fiquei de pirraça dizendo: "eu quero sirriiii", fiz tanta manha que minha mãe ficou puta e me chamou, Trancou a porta e mandou comer um panelão de arroz e outro de feijão. Eles dois estavam na minha frente. Já tinha percebido sua cara raivosa. Comi um pouco e não agüentei mais. Ela me deu uma cintada na cara em cheio. Comi já chorando, parei e ela me deu outra que o sangue desceu. E me obrigou a comer mais. Eu chorei horrores. fui dormir e me falou que pela manhã eu iria comer 6 pães e muito café, pra parar de ser guloso.Meu pai se separou da minha mãe em meados dos anos 80, eles saíam na porrada MESMO. Um dia aconteceu uma coisa que me assusta até hoje, eles gritando quando eu pedi para tomar um Yakult que minha mãe deu pro meu pai.- Filho não toma, porque tá com veneno. Meu pai falou.- Toma sim, filho, toma! Minha mãe.
Ele jogou fora, um cachorro tomou e morreu no outro dia. Quando em um passeio eles compraram aquele biscoito Presuntinho da Piraquê mal eu abri a embalagem e eles saíram no tapa, o pacote acabou rasgado no chão. Uma outra vez, meu pai quebrou o aparelho de som e a televisão. Ele sempre resolvia as coisas no braço mesmo. Era rústico e burro. Um dia fui perguntar uma coisa bem idiota e o sujeito ficou incomodado falando pra não fazer "perguntas difíceis".Depois da separação, minha mãe arranjou muitos caras, ficava um tempo com eles mas não mais que dois ou três meses.Ela ficou bastante tempo com um traficante conhecido como "Inferninho" e um dia meu pai me levou pra ficar na casa dela na Rocinha. Eles sequer se levantaram da cama e ficaram conversando, assim que meu pai foi embora e o cara disse: - Eu poderia ter dado um soco na cara dele. Não sei porque ele disse isso. Depois transaram.Era tarde de março e eu estava brincando com pedaços de tijolos quando ela me disse pra comprar cerveja, dessa vez ela namorava um cara parecido com o Lobão, quando eu cheguei estava um auê na casa, umas cinco mulheres levando e trazendo bacias d’água, ela tinha arrebentado uma garrafa na cabeça do rapaz, ele ficou retardo, esses dias eu vi ele andando lá pelos lado da vila Isabel, está pancada mesmo, mas nunca deu em nada, ela tinha uns affaires na policia também. Me lembro que ela era gorda e da última vez que a vi parecia uma múmia, com cabelos brancos e banguela, mesmo no tempo das farras ela raramente se cuidava, preferia pintar o púbis de louro do que tomar banho e quando cozinhava, deixava o frango com as partes internas cruas e sangrando.Mês passado eu conheci uma menina que eu achei que fosse ficar comigo, quando nos começamos a conversar eu percebi que não acompanharia o papo dela e resolvi contar minha vida, golpe sujo, fiz isso para ver se ela se apiedava de mim, qual o que? Ela ouviu tudo calada e no fim, arrumou as coisas, virou para mim e disse com um olhar terrivel:
Ralé
Com louvor.

Esse não é um dos meus favoritos.. mas to afim de mostrar.

sexta-feira, janeiro 05, 2007

AI, GENTE

Eu acho que hoje não vai ter coisinhas pra vcs nnão. Estando eu mega cansada, com medo e nervosa não saberia o que mostrar para voces que não me parecesse demasiadamente ingenuo ou mediocre.
Outro dia eu estava sentada na calçada comendo cachorro quente com a Michele e de repente foi como se as coisas mudassem, se como eu pudesse ver de fora a cena que se passava, era uma coisa tão trivial e tão linda que eu tive que dizer isso a ela;
"Olha Michele que coisa mais bonita que somos nós sentadinhas aqui."
Ela não entedeu nada, nem eu entedi, ela disse que eu falo e pergunto coisas estranhas. Aí eu perguntei a ela sobre o que ela conversava, ela não fala sobre nada. De supetão eu percebi que a genet acha todo mundo idiota porque nós deixamos as pessoas serem idiotas. Porque nós aceitamos escutar pessoas que falam sempre das mesmas babaquices e nunca entedem nada, meus professores não entendem nada, minha mãe não entende nada, eu não entendo nada, verdade gente, por preguiça eu me deixo perder em assuntos iguais. Na minha casa só se fala em 'porque a gente faz as coisas assim' por mais que tentemos achar um outro assunto meus pais vão se deliciar com o questionamento de atitudes. Sabe gente, as vezes eu sinto uma vontade tão grande de não ser eu. ... eu tenho tudo gente, só falta acontecer

quarta-feira, janeiro 03, 2007

Queridos


Fells, my dear Fells,
Writing these verses to you,
We still have the spring in our lives
How come winter strikes every time you feel blue?


Fells, my darling Fells,
I can no longer assure you,
The world is so fucked up these days,
How come we’ve never been through?


You see, my dearest,
You will never leave your room,
It’s so safe in there, with your smell,
You’re such a flower, but why such an early bloom?


Fells, oh Fells, sweet girl Fells,
Go out with your black boots and your leather skirt,
Show the world you’re not forgotten,
Brighten my day with your smile and that old Bowie shirt.

My friend Fells, my afraid girl,
Do you have any idea how wonderful you are?
Heartbreaker as it should be,
There’s no place, no perfect love, nobody shall ever find.

One day, one night, one minute
You suddenly change my life,
You suddenly crack me up,
Suddenly you can make me cry.

I only feel love of what you've come around,
You're such a brave boy, don't fear me at all,
I look into your eyes and I want to feel the warmth,

My loved one, my friend, I'll always hold you when you fall.
Leelow, what's it all about?You're a myth, a nympho or an ordinary boy?
I can be sure you're unusual and bold

You're so sure of yourself sometimes you're not weak at all.
Leelow, where have you come all this way?
Being ready to face every challenge again,
I've see you cry, and I admire your losses,
I've seen you smile, and I admire your victories.
Be sure to keep that smile running when I arrive,
Make sure you'll always be around,

I wonder when I'll happen not to miss you,
Until then, you're here, my friend, in my heart, where I placed you.